terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sócrates - filósofo da bola

O jornal alemão Frankfurter Allgemaine deu a seguinte manchete "Artista da bola, auto-destrutivo na vida." O craque brasileiro falecido no último domingo 04/12, ironicamente no mesmo dia em que o seu time (o Corinthians) foi campeão brasileiro foi sem dúvida um dos personagens mais importantes da história do futebol brasileiro. Reunia algumas características de vários deles para o bem ou para o mal. Anti-atleta como Romário (odiava treinar!); médico, intelectual e politizado como Tostão; tinha uma classe como Zidane (um artista da bola!), líder e fumante inveterado como Gérson (e que também envergara a 8 da seleção), alto como o seu colega da democracia corintiana Casagrande e que tinha "brasileiro" até no nome! Era também um ótimo frasista. Afirmara nos tempos da "democracia corintiana" no início da década de 1980 que "Perder ou vencer, mas sempre como democracia." Era contra toda a estrutura esportiva de autoridade dos dirigentes sobre os atletas, contra concentrações e coisas do tipo, que só aceitara se fosse voto vencido. Era contra hierarquias em quaisquer esferas políticas da decisões Defendia a luta contra a ditadura de Figueiredo na época, se engajando politicamente no movimento pelas Diretas-Já. Juntava as conversas políticas no espaço da boêmia dos bares, onde suas ideias eram debatidas. Derrotado no Congresso e decepcionado, Sócrates se mudara para a Itália, na cidade de Florença para defender o Fiorentina, onde não foi muito feliz e ficou lá somente um ano. Regressou para o Flamengo, jogou no Santos, seu clube de infância. O seu primeiro time foi o Botafogo de Ribeirão Preto, onde estudava medicina simultaneamente na USP. Duas Copas do Mundo pela Seleção sob o comando de Telê Santana. Capitão da seleção de 1982 que encantou o mundo, mas foi derrotado pelos italianos, no dia de Paolo Rossi. Quatro anos mais tarde mais uma fatídica derrota para a França de Platini, nos pênaltis, um desperdiçado pelo Doutor. Voltando a questão da medicina, não levou muito à sério, profissionalmente nem com a sua própria saúde com problemas sério de alcoolismo. Como técnico um passagem relâmpago no Cabo Frio em 1999. Queria abolir a concentração, mas foi voto vencido 24 x 1 na eleição com os jogadores. Ainda trabalhou em programas de TV, como o Cartão Verde na Cultura. 54 anos de vida, vividos intensamente !

2 comentários:

Memórias das Assembleias de Deus disse...

Grande Sócrates! Quem o viu jogar, lamenta esse fim para um grande craque e pensador como ele.

Um grande abraço!

edpaegle disse...

É verdade, Sócrates foi um jogador diferenciado e que como poucos sabia expressar as suas ideias de maneira bem articulada, algo raro nos dias de hoje.