terça-feira, 29 de março de 2011

Da banalização evangélica!

"Evangélicos (as)" parece um termo tão banalizado (a) hoje em dia que assusta! Cresce o número dos que batem no peito e afirmam ser "evangélicos (as)" transformados num (orgulho santo ?) que poderia envergonhar até aos talibãs. Barganhas espirituais crescem ao som das técnicas. Coisas do tipo "Faça isso, que Deus te dá em dobro" ou declarações típicas de quase uma "ditadura evangélica", do tipo "O Brasil é do Senhor Jesus", ou quem sabe "Jesus, ame-o ou deixe-o". Livros do tipo "Cinco passos para a felicidade com Jesus" pipocam revestidos de bíblicos, quando na verdade, representam discursos de auto-ajuda que são teologicamente paupérrimos! A teologia da prosperidade consegue dar um verniz ao modelo neoliberal, a (ética ?) do consumo desenfreado ávidos por um deus transformado em shopping center extremamente eficaz. Coisas do tipo "Está triste ou deprimido, que tal fazer uma comprinha!" Impérios eclesiásticos são criados, sendo liderados por um líder carismático, que conjuga técnicas de administração com uma oratória e uma performance impecáveis (ao menos para os que creem neles!)Confesso que tenho visto muito templo com a fotinho do seu dono na entrada, como se Cristo não fosse o dono da igreja. Quando vemos mais um exercício de "egolatria" do que da cruz é porque algo está errado e precisa mudar. Querer mudar a sociedade, sem mudar a igreja é demagogia pura. Querer mudar a igreja, sem mudar a sociedade é se auto-enclausurar, ou seja, ficar restrito no seu gueto. Mais do que nunca estamos precisando dos cristãos para oxigenar uma igreja que cresce, mas que não sabe para onde cresce. Crescer por crescer sem um objetivo, sem um propósito, sem um foco claramente delineado em princípios é grave. Estamos nos preocupando mais com a velocidade do crescimento do que para onde estamos crescendo. Colocar um crescimento com princípios bíblicos é urgente. Discutir com um povo numa igreja contextualizada é fundamental. Que os intelectuais evangélicos atuem também nessa área. Para que igreja tenha o que dizer em temas tão distintos como espiritualidade, meio ambiente,justiça social, educação, política, entre outros. Estamos crescendo para onde? Adianta sermos numericamente grandes e socialmente e espiritualmente irrelevantes? Caminhamos para o termo "evangélicos não-praticantes"? O tempo é o senhor da razão.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eduardo, você tem estatisticas de quais denominações estão crecendo?Se for um crescimento(ou inchaço como diz Don Robison Cavalcante)apenas dos neopentecostais pode esquecer a ideia de igreja como sal da terra.Estas igrejas não acreditam nisso, além de que me paresse que há uma continuidade das crenças do catolicismo popular e de uma religiosidade mágica dentro destas igrejas neopentecostais e não uma visão protestante/evangelica que enfatiza a graça e soberania de Deus nas pregações.Quero dizer que apesar de haver uma diminuição de católicos nominais e aumento de "evangelicos" não há uma ruptura das mentalidades mágicas das pessoas que se dizem evangelicas e sim uma continuação de antigas crenças, mas agora com roupagem "gospel".Sendo assim é natural que o termo evangêlico não tenha mais o sentido que tinha antes da explosão destas igrejas, sendo agora associado com corrupção moral e falta cultura geral.

edpaegle disse...

Quando fui perguntado no censo em 2010 não fui questionado em relação a religião, o que dificulta estatísticas oficiais para dimensionar o tamanho do crescimento. Um problema sério é essa absorção do jeitinho brasileiro nas práticas dos fiéis. Quanto a questão mágica você está coberto da razão. Além disso, as igrejas neopentecostais não tem escola dominical nem momentos de debate, o que faz com que as igrejas fiquem sem um momento de estudo e questionamento. Uma pena!