sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sobre a imprensa e as disputas políticas

A proximidade das eleições presidenciais em 3 de outubro, tem aumentado os debates sobre a questão da imprensa. As recentes denúncias de tráfico de influências contra Erenice Guerra, que culminaram com a sua saída do ministério da Casa Civil para uma investigação independente, aumentaram o debate em torno da imprensa. Duas manifestações foram realizadas em São Paulo, mostrando os dois lados da questão. Na última quarta-feira, uma manifestação em frente ao Largo do São Francisco, a famosa faculdade de Direito da USP, ocorreram manifestações à favor da liberdade de imprensa, contando com personalidades, como Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo, buscando mostrar a preocupação com as recentes declarações do presidente Lula e do ex-ministro José Dirceu sobre o excesso de liberdade de imprensa existentes no país. A manifestação de ontem, em frente ao sindicato de jornalistas de S. Paulo, contando com o apoio da UNE e do MST, buscou ser um ato contra a mídia golpista. Esses foram os fatos, permitem-me agora uma interpretação. Em qualquer sociedade ocidental dita democrática, o direito social a informação é elementar. A mídia jamais será imparcial, colocará os fatos de acordo com os seus interesses, entendemos que quanto maior o número de diferentes donos de canais de comunicação, maior será o espectro ideológico e de possíveis interpretações e reinterpretações dos fatos, e que mesmo que determinado segmento midiático busque um determinado viés político-ideológico, a interpretação por parte dos leitores, internautas ou telespectadores pode fugir dos interesses dos produtores de informação. A Internet sem dúvida diminuiu o poder da grande mídia, porque permitiu o aumento significativo dos produtores de informações numa escala global e com baixo custo. Entendo que aqui seria mais honesto que a revista Veja dissesse que apóia Serra; enquanto a Carta Capital e a Caros Amigos apóia Dilma, seria mais honesto e não havia nenhum demérito nisso, pois não é à toa, que o influente jornal The New York Times disse na última eleição presidencial num editorial, que apoiava o candidato democrata Barack Obama. Lula está certo quando afirma que 9 ou 10 famílias controlam grande parte da mídia no Brasil de um lado, mas, por outro lado não pode tentar acuar a mídia sobre o viés de "golpismo midiático". Me assusta essa paranóia da esquerda de afirmar que tudo é da "mídia burguesa" e coisas do tipo. Qualquer acusação de corrupção essa resposta está pronta. Me assuta também, quando lideranças conservadoras que beberam e usufruíram da ditadura militar, posam de arautos da liberdade, o caso do candidato Paulinho Bornhausen me parece sintomático. Aqueles que se sentiram prejudicados por acusações de corrupção que não sejam provadas, que entrem na justiça e peçam indenizações e reclamem os seus direitos contra a difamação e falsidades colocadas nas reportagens. Não queremos censura, nem acusações levianas sem provas dos fatos. Como diria, o jornal "O pasquim" em plena período da ditadura "Jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados". É importante ter oposição e imprensa para fiscalizar atos do governo, como também é importante que as pessoas que se sentirem prejudicadas possam defender na justiça os seus direitos.

Nenhum comentário: