quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Floripa: uma adolescente!

Tenho saudades de Floripa dos anos 80, da minha infância. Curioso essa idéia de saudade. Lembro de Rubem Alves (ele de novo) que tinha saudade da sua casa onde tinha passado a infância no interior de Minas. Quando adulto foi visitar a casa,mas não "matou"  a saudade, porque a casa estava diferente, ele tinha saudade da casa do tempo em que viveu a  infância, de uma casa que não existe mais. Floripa da década de 80, não tinha shopping, Mcdonald's, grandes cadeias de hotéis, não estava tanto na mídia nacional, nada disso. O tempo corria mais lento do que hoje, certamente. Chamo Floripa de adolescente, porque hoje ela vive a crise entre não querer deixar a infância da sua cultura provinciana e de querer ser adulto de uma vida cosmopolita e urbanóide. Os "manézinhos" ( termo que vem da colonização açoriana pelo fato de muitos nomes serem chamados de "Manoel", sendo que "mané" é o seu diminutivo)  são cada vez mais minoria em Floripa, mas ainda claro se ouvem os "ssss" no final das palavras, chiado típico ilhéu  e porque não dizer os "ixtepô", "oióió", "femônemos" e adjacências. Os "manézinhos" era (ou ainda são?) uma espécie de "caipira do litoral" , sem dúvida, a ligação com o mar, seja na sua culinária, as suas gírias típicas, a renda de bilro, os "causos" marcadas pelas estórias fantásticas marcam o jeito "manezês" de ser. Ao lado disso, os (i) migrantes gaúchos, paulistas, cariocas, paranaenses, "los hermanos" argentinos buscam tornar Floripa mais cosmopolita. Entre o provincianismo e o cosmopolitismo, Floripa segue num meio termo, como uma adolescente!

Um comentário:

Professor Fabio disse...

Realmente há uma crise de identidade na cidade, porque a mesma está muito longe de ser uma grande metrópole como Rio de Janeiro, São Paulo ou Porto Alegre, mas também não é a mais a mesma província Desterro do Passado.

PS: Nós cariocas somos migrantes, Sim, porém nós somos apenas uma meia dúzia se comparados com o povo de outros estados. rsrsrsr