terça-feira, 17 de novembro de 2009

Percepções sobre Santiago (Chile)

Estive participando de um evento acadêmico em Santiago (Chile) entre os dias 10 - 16 de novembro. Encontrei uma capital moderna com mais de 5 milhões de habitantes, tendo no seu fundo a beleza das Cordilheira dos Andes. Essa imagem contrastava com o calor na capital chilena, bem como a sensação bastante seca com a baixíssima umidade relativa do mar. Explica-se: as águas do Oceano Pacífico que evaporam ficam "presas" na Cordilheira do Andes, trazendo assim um clima bastante seco. Um dos pontos fortes da capital chilena é o seu sistema de metrô, extremamente eficiente, embora bastante lotado nos horários de pico. Existem variações de passagens em 3 níveis, de acordo com horário, sendo que nos horários de pico a passagem é mais cara, constituindo uma interessante estratégia para evitar que os metrôs fiquem cheios nessa horário. Existe tanto a possibilidade de bilhete único e de comprar cartão, sendo que a taxa mínima de recarga é de $700 (R$ 1,00 = $ 300). Com o câmbio de reais para peso chilenos, dá-nos impressão que as coisas em Santiago são caras, mas trata-se de um ledo engano, devido a volume de pesos que você gasta. Moedas de $ 1 ou $ 5 são raras, porque com elas não se compra praticamente nada. Existem belos pontos turísticos para conhecer Santiago. O palácio "La Moneda", ou em bom português, "A Moeda", era a antiga casa da moeda chilena, onde hoje se sedia o palácio presidencial com Michele Bachelet.Atualmente existe o centro cultural "La Moneda" com referências a uma exposição sazonal de arte paraguaia e uma exposição fotográfica relativa a ditadura chilena, bem como um cinema. Voltando a falar da questão política, a atual presidente é oriunda de uma coligação chamada "Concertacíón" que é composta pela esquerda e pela democracia cristã, que dominou o cenário político na era pós-Pinochet. Falando no ditador chileno, "La Moneda" foi o palco do episódio que derrubou o presidente socialista Salvador Allende, que saiu morto, através dos bombardeios pelo exército pinochetista. O lastimável episódio ocorreu no 11 de setembro de 1973 e foi tão violento que destrui a ata de independência do país. O país apresenta historicamente uma clara divisão entre esquerda e direita, para a sucessão de Bachelet. De um lado, o candidato conservador e mega-empresário Sebastián Piñera e de outro o ex-presidente e candidato da situação Eduardo Frei. Existem ainda o candidato Marco (independente) e Árrate ( mais a esquerda do que a Concertacíón). As pesquisas apontam para um segundo turno entre Piñera e Frei, com vantagem para este último. Realmente é uma eleição, aonde pela primeira vez, a Concertación encontra-se seriamente ameaçada de perder a eleição presidente após a ditadura de Pinochet. Outro belo ponto turístico é uma das casas de Pablo Neruda, transformado em Museu, chamado de "La Chascona". O poeta chileno tinha em "La Chascona" uma das suas casas, aonde tinha uma amante Matilde, que se transforma posteriormente a sua terceira esposa. A casa fez muitas alusões a um barco, seja num espaço aberto onde pode se ver a Cordilheira dos Andes, as formas do piso, as grades da janela, para lembrar da sua obra, chamado "El grán capitán".Uma curiosa história é que a morta do poeta, político e diplomata Pablo Neruda ocorreu 12 dias após o golpe de Pinochet, assim pelo fato de Neruda ser de esquerda, o seu corpo foi velado em La Chascona, com metralhadoras apontadas para a casa. Os militares chegaram inclusive a destruir a biblioteca de 4000 livros do poeta chileno.  La Chascona fica ao lado do zoológico nacional, localizado num morro onde se pode ter uma bela visão de Santiago. O espaço conta com o funiculador para passeio, o teleférico que está atualmente em manutenção, diversos quiosques e uma igreja católica. Outro lugar que vale uma visita é o Mercado Central, localizado ao lado da estação de metrô "puente cal y canto", lá é possível desfrutrar  frutos do mar, como marisco, camarão, lula e ostra, ou quem sabe uma bela paella, além é claro, de  belos vinhos chilenos. Muito próximo dali, tive a oportunidade de participar da Feira do Livro Internacional de Santiago, que terminou em 15 de novembro. A feira homenageou um país e uma região, respectivamente a Argentina e Antofagasta. Da Argentina, uma exposição que lembrava Fangio, Cortázar, Borges, Evita e Juán Perón,Monzón e deixando de fora, nada menos que Diego Maradona. De Antofagasta, lembrava as belas paisagens, dessa que a região mais seca do mundo. Haviam claro, livros para todos os gostos e públicos, inclusive com um setor para a América Latina. Santiago, na verdade, respira cultura, com inúmera livrarias e sebos, com os seu artesanato, muito deles feitos com cobre, já que o Chile é o maior produtor desse metal (não deixe de conferir a Feira de Santa Lucia!), com as suas maravilhosas confeitarias e cafeterias, com o seu povo educado e letrado. Outra local para apreciar a paisagem santiaguina é o cerro de San Cristóbal, onde podemos ter uma visão privilegiada, ideal para ótimas fotos. Viví claro, os meus "causos", como tentar comprar uma passagem no metrô com vários moedas de peso e uma moeda de r$ 0,25 no meio delas, o que levou a riso a bilhetera ou quando foi no câmbio trocar dólar por pesos e o cambista me deu os pesos e falou "Yes, sr..". Minha pele clara, não fazia acreditar que eu brasileiro. Mas o que seria das viagens sem os "causos" ????

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