sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Onde está a igreja?

Escrevo esse blog com um atraso de 10 dias," mas antes tarde do que nunca", como diz o famoso adágio popular. Como diria outro ditado "Os fatos são sagrados, a opinião é livre."  Considero uma questão de bom senso escrever o blog sobre a figura de Paulo Stuart Wright, político e membro da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), que foi cassado como deputado estadual de Santa Catarina em 1964, mesmo ano em foi excluído do rol de membros da Igreja Presbiteriana de Florianópolis. De fato, no último, dia 04 de setembro, houve uma solenidade na Assembléia Legislativa  lembrando dos 40 anos do seu desaparecimento político, considerando que isso no regime militar é sinônimo de morte. Tanto o legislativo catarinense quanto a igreja presbiteriana reconheceram o seu erro no regime de exceção. Triste lembrar, que Paulo Stuart Wright foi cassado em maio de 1964, sob a alegação que não usava terno e gravata, e logo, por isso,faltava com o decoro parlamentar. Enquanto isso, outro parlamentar evangélico (pastor, ainda por cima) chamado de Natan Donadon foi absolvido pelos seus pares em votação fechada do cargo de deputado federal, mesmo já estando preso e condenado por 13 anos devido ao roubo do dinheiro público no legislativo de Rondônia. Quanta ironia! Dois pesos e duas medidas bem diferentes. O que me chamou atenção, foi que na solenidade da semana de Paulo Stuart Wright em Santa Catarina, fiquei triste porque (exceto o meu tio e um deputado estadual) não ví nenhum evangélico no evento. Vivemos numa amnésia histórica! Pior, ainda tive o desprazer de ler nos jornais, que os evangélicos em Brasília organizaram conchavos para livrar Donadon da cassação. Me pergunto: Onde está a igreja? Onde está o seu dom profético? Como igreja tínhamos e temos obrigação de dizermos publicamente no caso de Paulo Stuart Wright que a igreja errou, mesmo que isso já conste em ata datada de 1999. Precisávamos estar presentes. Podíamos não concordar com as ideias dele, mas daí a sua exclusão e o nosso silenciamento vai uma longa distância. O legado dele, do seu irmão (Jaime Wright) e do arcebispo D. Paulo Evaristo Arns, sendo que estes dois últimos com apoio do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) denunciaram as torturas do regime militar foram exemplos magníficos de coragem num momento triste da nossa história. Infelizmente, ainda temos ruas com nomes de ditadores como Getúlio Vargas, Costa e Silva, Médici e por aí vai... Não imagino Berlim, como rua como nome de Adolfo Hitler, ou Roma com rua Benito Mussolini, triste a nossa história. Basta lembrar, que em 2011, um deputado estadual de SC teve a triste ideia de vetar uma rodovia com o nome de rodovia Paulo Stuart Wright na região de Navegantes, que logo foi vetada pelo governador. Como bem disse, a deputada estadual que presidiu a sessão em memória do desaparecido político, "essa casa continua a cassá-la", eu acrescentaria e questionaria e a igreja também continua? 

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